terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Capítulo Cinco
Abril, 2006

- Demi, esse é a Doutora Melissa Lynes, ela veio para te ver – Catherine avisou a irmã, que estava parada, sentada em seu lugar habitual.
Demetria continuou parada, apenas encarando Dra. Lynes. Por que tinham mandado uma médica para vê-la? Ela já não estava bem? Estava comendo, tomando banho, até mesmo falava de vez em quando. Queriam mais do que isso?
- Olá, Demetria – Melissa disse, olhando a mulher que continuava imóvel – Você prefere conversar aqui ou em outro lugar? – Quando Demetria não respondeu, Melissa deu de ombros e agachou-se no chão, ficando na altura da paciente – Você deve estar se perguntando porque eu estou aqui. Eu sou uma psiquiatra, Demetria. Seu marido e sua irmã me chamaram aqui para que eu visse você.
Catherine saiu discretamente pela porta, deixando Demetria e Melissa sozinhas. Demi precisava daquilo, já devia ter consultado um profissional há muito tempo, logo quando começou a demonstrar sinais depressivos, mas ainda tinha tempo. Demetria estava se esforçando para parecer melhor, não sabia se o motivo disso tinha sido sua chegada ou o tempo, mas ela estava tentando parecer viva, pelo menos. O problema é que não estava conseguindo. Ainda parecia morta, às vezes, mais morta do que Stella.
Ela não conversava com Catherine, achava que sim, mas só emitia sons aleatórios e ouvia a irmã. Obedecia ordens, mas raramente fazia algo por vontade própria. Não falava com os amigos e mal encarava o marido. Duas semanas antes, fora dormir no sofá e desde esse dia não dormira mais no próprio quarto. Entrava lá para pegar suas roupas e só. Também não tomava mais banho na suíte, usava o banheiro do corredor. O banheiro de Stella.
Joseph estava devastado com isso, ainda mais do que já estava. Catherine não sabia de quem sentia mais pena, da irmã que rejeitava a vida ou do cunhado que era rejeitado por ela. Eles não mereciam aquilo.
- Ela está falando com a Dra. Lynes? – Joe perguntou, observando da porta de seu quarto.
- Se ela está falando, eu não sei. Mas Dra. Lynes está falando com ela. Espero que ela melhore.
Catherine se afastou do quarto, andando até Joe, colocou a mão em seu ombro. Já estavam há mais de um mês vivendo a mesma rotina, em função de Demetria. Catherine tinha o visto chorar, ouvira seus lamentos, isso os aproximou. Não de uma forma amorosa ou sexual, só a ideia seria repugnante para ambos, mas tinham construído uma amizade confiável.
- Eu estou indo embora, Catherine – Joseph falou, depois de alguns minutos de silêncio.
- O que você quer dizer, vai sair?
- Vou sair de casa – Ele explicou – Acho que vai fazer bem para Demetria. Obviamente, ela não me quer por perto. Fizemos umas três músicas novas ao longo desse mês, tínhamos umas antigas... Vamos fazer uns shows, mostrar que alguns de nós ainda estão vivos.
- O que?! Você não pode simplesmente ir embora, Joe. Certo, Demi está passando por um momento difícil e não quer te ver, mas isso vai passar. E quando passar, ela vai querer que você esteja aqui.
- Desculpe, Cath, mas não posso ficar apostando nisso. Eu não queria ir assim, mas preciso fazer os shows, entende? Estão procurando um substituto... Querem me substituir no McFly. Preciso mostrar que não morri.
- Eles não podem fazer isso! – Catherine disse, abismada com o que Joseph tinha acabado de dizer – Você acabou de perder sua filha.
- Acontece que as pessoas acham que depois de cinco meses você já deveria ter superado – Joe comentou, deixando transparecer sua insatisfação.
- Mas não é só isso, é? – Ela ergueu as sobranclheas – Joseph, estamos vivendo na mesma casa há um mês e eu te conheço há muito tempo. Eu vi você cuidando de Demetria, você não a deixaria ela assim. O que mais aconteceu?
- Demetria quer que eu vá, ok? E se essa é a única coisa que eu posso fazer por ela, é o que eu vou fazer.
Catherine não disse nada sobre isso. Não podia fazer nada, se Joseph quisesse ir embora, ele deveria ir. Quem ela queria enganar? Demi estava péssima e ele precisava do trabalho. Alguém precisava continuar trabalhar, todos eles precisavam continuar com a vida. Ela não faria o mesmo que ele, mas não o culpava por querer ir embora.
- Quando você vai? – Perguntou.
- Só vamos sair em mais de um mês, mas acho que vou ficar um tempo na casa de Liam, até lá. Vai ser melhor para me concentrar e escrever. E me acostumar. Vou ver se falo com Demi hoje, ela provavelmente não vai se importar, mas...
- Talvez ela se toque do que está acontecendo, quando você avisá-la. Um choque de realidade.
Joe concordou com a cabeça. Era isso que ele esperava, que ela acordasse desse coma em que estava vivendo. Que ela percebesse que a vida continuava e que ele não estaria ali para sempre. E mesmo se não estivesse, ela estava, e era isso que importava no fim, não é? Viver.
Ele nem sabia mais.
Estava indo viver. Abandonando quem mais amava no mundo e indo embora, porque vê-la morrendo estava o matando, e seus amigos diziam que ele precisava se reanimar, que ele precisava recomeçar a vida. Mas ele não se sentia bem com isso, como poderia viver, se estava se afastando de Demetria?
Ele queria saber se estava fazendo a coisa certa. Seu coração dizia para que ele continuasse ali, para que ele esperasse ao lado de sua esposa. Com o tempo ela voltaria, ele tinha esperança, com o tempo tudo voltaria o normal. Mas não ficaria, a razão lhe dizia, ele não podia ter certeza, seus amigos completavam.
O McFly costumava ser sua vida, seu agente dizia. E mesmo que não continuasse sendo a sua, ainda era grande parte dos outros três integrantes, ele não podia simplesmente abandoná-los. De um jeito ou de outro, ele teria que deixar um dos dois de lado, o McFly ou Demetria. Quem ele iria escolher? A mulher semi-morta, que não o deixava tocá-la ou seus melhores amigos, que sempre o apoiaram? Há alguns meses atrás teria escolhido sua esposa sem hesitar, e agora olha onde ele estava.
Saiu de casa, precisando respirar um pouco. Como contaria isso para Demetria? Era complicado demais. Ele estava saindo de casa, mas não significava que eles estavam se separando, significava? Não, é claro que não. Tirou a ideia da cabeça rapidamente, ele não iria se divorciar e Demetria, bom, se ela pedisse para se divorciar, ele estaria feliz demais por ela ter uma opinião para se importar.
Quando estava cansado de andar, pegou um táxi e foi até a casa de Kevin, onde Liam e Nick também estavam. Iria contar-lhes que avisaria Demi hoje. Boa notícia para eles, não é?

Chegou em casa razoavelmente cedo. Ao entrar em casa, pode ouvir Catherine falando. Olhou de longe que ela estava acompanhada por Demi, que estava sentada de costas para a porta. Demi escutava a irmã, sem dizer nada, para variar. Joe suspirou e andou até elas. Cumprimentou-as, porém não tocou em Demetria, tinha desistido assim que percebeu que ela sempre se afastava, como se tivesse levado um choque.
- Ah que bom que você chegou, Joe – Cath falou – Eu tenho um encontro hoje – Ela riu, tentando quebrar um clima tenso – Estou saindo agora.
Joe não sabia se ela tinha realmente um encontro ou não, mas percebeu que ela estava saindo naquele momento apenas para deixá-lo sozinho com Demi. Quando Catherine levou, ele se sentou ao lado da esposa. Demi o encarou, mas seus olhos não lhe diziam nada.
Demetria costumava falar pelos olhos. Foi assim que Joe primeiramente percebeu que uma parte dela havia morrido, quando viu que seus olhos estavam completamente vazios e sem vida. Eles continuavam assim, Joseph se perguntava se um dia voltariam a brilhar como antes.
- Demi – Ele a chamou – Tenho uma coisa para te contar – Ele falou, olhando-a intensamente.
Demetria quase falou um “O que?”, por apenas um mísero segundo, sua boca abriu levemente. O movimento não durou muito tempo e não deu em nada. Mas Joe percebeu, e se sentiu culpado na mesma hora. Ela iria falar, isso significava que ela estava melhorando, e ele iria abandoná-la. E se odiava por isso.
Como a mulher continuou calada, ele reuniu forças para dizer o que teria.
- Eu estou indo embora, Demetria – Ele falou e levou um susto ao perceber o olhar assustado da esposa – Voltei a compor com a banda... Nós vamos fazer uns shows mês que vem e até lá vou ficar na casa de Liam, terminando as músicas e tudo mais.
Demi permaneceu em silêncio, mas ele pode sentir os pensamentos acusadores. Você está me abandonando? Perguntava Demetria mentalmente.
- Isso não é para sempre – Ele completou – Vou ficar lá só para me acostumar, Demi, e depois quando voltarmos para Londres, talvez eu volte para casa.
Talvez. Os dois sabiam o impacto dessa palavra. Sabiam o que ela significava. Ele não tinha certeza se ele voltaria, ele não tinha certeza se gostaria de voltar para lá. Para aquela casa cheia de memórias e lágrimas.
- Eu tenho que fazer isso, Demetria – Ele se explicava, mesmo que ela não tivesse perguntado – Eu tenho que continuar a viver - Completou – Você deveria tentar isso também.
Demetria permaneceu em silêncio. Joe esperava que ela dissesse algo, afinal fora ela mesma quem o aconselhara, um mês antes, a ouvir Liam, não é? Mas ela não disse. Ele se levantou, indo em direção a cozinha, esquentar seu jantar.
- Estou feliz por você – Demetria murmurou, despertando a atenção do marido – Você está certo, Joseph.
Ela se levantou, olhando significativamente para Joe. Ele continuava imóvel, chocado com sua manifestação. Demi virou na direção contrária, subindo as escadas. Parou no primeiro degrau, virando-se para ele, que continuava estatizado.
- Boa sorte com a banda – Ela falou, com a voz meio trêmula.
Demi subiu rapidamente até o segundo andar. Ao chegar em seu quarto – que ela não usava já há um tempo, mas fora o primeiro lugar que lhe veio a mente – se trancou, começando a chorar.

Dez coment's para o proximo

Kauana: Seja bem vinda fofa!! Tomara que continua comentando sempre!! ;) bjs

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Parte 2

Março, 2006
- Como ela está? – Catherine perguntou, observando, da porta, a irmã sentada na cadeira de balanço – Ela parece pior do que da última vez. – Comentou, suspirando.
- Tenho esperanças que ela melhore agora que você veio. – Joe falou, levando Catherine até o quarto de hóspedes.
- Obrigado por ter chamado, Joseph, eu não tinha ideia de que as coisas tinham chegado a esse nível. – Suspirou – É claro que eu sabia que não estava tudo bem, não é? Mas isso não é normal, mesmo considerando a situação. Ela precisa ir a um médico. – Avisou.
- Eu tentei fazer com que ela fosse, juro que tentei, mas ela nem ao menos fala comigo. Se eu a toco, ela começa a gritar, mandando que eu me afaste. Antes, eu conseguia fazer com que ela comesse, mas nessa semana ela está rejeitando tudo. Tive que obrigá-la a comer ontem, fazer com que ela engolisse. Isso está me enlouquecendo.
- Imagino. Vou tentar conversar com ela, talvez ela ouça.
Tinham se passado quatro meses. Quatro meses que Demi não fazia absolutamente nada a não ser chorar. Joe não sabia o que fazer, já tinha chamado um médico, mas Demi nem ao menos o deixara chegar perto. Queria levá-la para o hospital, mas não conseguia, pensando que isso poderia apenas deixá-la mais infeliz.
Todos os dias, à noite, Joseph chorava. Rezava pela sua filha, mas aquilo não o reconfortava, nessas horas a fé não servia. Às vezes, tentava acreditar que nada era sua culpa, porém nem ao menos se iludir ele conseguia. Talvez fosse ele quem estivesse causando isso a Demi. Não, tentou tirar a ideia da cabeça, ele tentava ajudar, não era culpa sua se Demetria se negava a aceitar a morte da filha.
Observou Catherine entrar no quarto de Stella, sentar-se ao lado da irmã e falar com ela. Catherine não era psicóloga, mas conhecia Demetria, podia ajudá-la. Era estranho, Demetria fora quem ficara forte após a morte dos pais, quem aguentou tudo pela irmã, e agora se entregava à depressão.
- Demetria, fale comigo. – Catherine insistia – Vamos comer alguma coisa, você não acha que seria uma boa ideia?
- Não, quero ficar sozinha.
- Nada disso, venha comigo. – Ela puxou a irmã pelo braço – Vamos dar um jeito em você.
- Para que? Por quê? – Perguntava, vagamente, sem se mover no lugar.
- Porque você ainda está viva, Demi. – Respondeu simplesmente.
Ainda não, era questão de tempo, Joe pensou. Catherine saiu do quarto, arrastando a irmã, elas desceram as escadas. Demi não costumava descer, só quando resolvia comer ou ia para o jardim, em uma tentativa de se congelar. Ele ficou ali em cima por um tempo, então resolveu descer, ver se Catherine tinha obtido algum sucesso.
Da sala, podia ouvir vozes. Vozes não, apenas uma: de Catherine. Ela contava alguma coisa para Demi que, como Joe pôde perceber ao se aproximar, não prestava a mínima atenção, mas comia o que estava à sua frente, como um robô. Pelo menos comia, e talvez, com o tempo, prestasse atenção no que a irmã lhe contava.
- Joe? – Ouviu um conhecido lhe chamar e levou um susto.
Kevin estava parado ali, ele nem ao menos tinha notado sua presença. Ele tinha feito o favor de pegar Catherine no aeroporto e trazê-la ali, mas Joe achava que já tinha ido embora, viver.
Mal vira seus amigos nos últimos meses, eles vinham lhe visitar sempre, mas não tinham o que falar. Joe estava sempre ocupado verificando se Demi estava bem e ainda sofria com a morte da filha, palavras de consolo não adiantariam e conversas não fariam sentido. Ele também não tinha trabalhado, não tinham feito nenhuma música nova, nenhum show, nada. Eles entendiam, os fãs também. Isso, porém, não seria para sempre, estavam dando-lhe um tempo para se recuperar, mas logo precisariam trabalhar.
Tinha se passado muito tempo. Não parecia.
- E aí, cara? – Ele cumprimentou Joe – Como está?
- O mesmo de sempre.
Kevin não falou nada, não tinha nada a ser dito.
- É triste vê-la assim. – Comentou, observando Demi e Cath na cozinha – E você também. Há quanto tempo não sai de casa? – Joe não respondeu, Kevin sabia a resposta – Eu imagino como deve doer, mas vocês não podem se deixar levar, Joe. Vamos, saia com a gente. Estamos preocupados com você. Agora Catherine está aqui para ver Demi por você.
Joe aceitou, pois sabia que precisava daquilo. Não queria que a dor vencesse. Não queria morrer, precisava aproveitar sua vida. Se Demi não queria viver, ele não podia obrigá-la, mas não ia se submeter a isso.

De madrugada, ele chegara em casa. Estava completamente bêbado e cansado, e pior: a bebida não havia nem disfarçado sua dor. Sair fora inútil, sentira-se tão mal quanto sempre, mas pelo menos vira as ruas. Estava frio, tudo parecia igual.
Nick e Liam pelo menos pareceram felizes ao vê-lo. Os amigos tentavam distraí-lo, conversar sobre assuntos do mundo, não falavam da própria vida, pois parecia injusto que estivessem tão bem, quando Joe estava sofrendo. Tampouco falavam sobre Demi ou Stella, estragaria a noite. Ao final, todos estavam bêbados e já não falavam mais nada com sentido. Joe chegava até a rir sem saber porque, o som da própria risada o assustou, já se esquecera de como soava.
Como não tinham condições de dirigir e estavam tão bêbados que se esqueceram que táxis existiam, resolveram voltar andando para casa. Em uma temperatura agradável de quatro graus Celsius, eles congelaram no caminho. Pelo menos o frio os deixou mais sóbrios, pelo menos era o que pensavam.
Entraram na casa de Joe, que morava mais perto, cansados de andar. Todos calaram-se ao entrar, o clima sombrio da casa sobrepunha o efeito do álcool. Jogaram-se ao sofá, como nos velhos tempos. Kevin arriscou fazer uma piada e todos riram, ficaram conversando. Alguns minutos depois, perceberam que Nick tinha dormido, era sempre o primeiro a se cansar.
Além disso, apesar de não ter comentado nada, ele tinha uma filha e ser pai era uma tarefa árdua. A pequena Elle não devia ter nem dois anos... Ou será que tinha perdido o aniversário da filha de Nick e Selena? Não iria de qualquer forma, não estava pronto para encarar uma criança.
Kevin levantou-se e foi pegar um copo de água. Joe aproveitou para subir as escadas, verificar como Demi estava. As luzes do corredor estavam apagadas, isso era um bom sinal. Olhou o quarto de Stella, que estava vazio, depois até seu quarto, a porta estava fechada.
Abriu-a, verificando que Demetria estava deitada no escuro. Não sabia se estava dormindo, mas estava em silêncio. Fechou a porta com cuidado, não queria atrapalhá-la. Levou um susto ao perceber alguém atrás dele, virou-se pensando que ia encontrar Catherine, que estava dormindo no quarto do fim do corredor, mas era Liam.
- Hey, o que está fazendo aqui? – Sussurrou, saindo da frente do quarto.
- Só estava vendo onde você foi. Está tudo bem com?
- Nunca está tudo bem. – Suspirou – Está tudo péssimo, Liam. – Desabafou – Demetria só piora, não come, não faz as coisas sozinha, e eu não posso fazer nada, porque ela não me suporta.
- Você não precisa aguentar isso. – Liam falou – Por que você não sai? Não sei, vamos fazer uma tour algo assim. Eu não queria falar, combinamos de não falar nada para você, mas a gravadora está nos pressionando para fazermos outro single. Uma música nova, um show, precisamos de algo, entende? Estamos parados há quase cinco meses.
- Eu sei, mas o que você quer que eu faça?
- Viva! Stella não vai voltar, aceite isso, e talvez Demi também não volte, o que você pode fazer? Nada, então deixe isso de lado por um tempo.
- Minha filha morreu, Liam, eu não posso simplesmente “deixar isso de lado”. – Falou irritado – E eu não me importo se Demi não vai voltar a ser como antes, não vou abandoná-la.
- Não vai, vai ficar aqui vendo-a morrer. É isso?
- Eu não vou deixá-la, Liam, eu prometi quando nos casamos.
- É, mas ela te abandonou, não é? Você também está sofrendo e ela não está nem aí! Ficar aqui, vendo-a sofrer, só está deixando os dois piores, só alimenta a lembrança de Stella e a dor. Demetria nem ao menos vai notar se você for embora um dia, ou talvez até goste. Talvez você esteja a deixando pior.
Ao ouvir as palavras, Joe não aguentou. Quando viu, já tinha dado um soco no rosto de Liam. Ele estava passando dos limites, não tinha o direito de vir em sua casa e falar essas coisas. Ele não iria abandonar sua esposa.
- Ei, calma! – Liam falou, colocando a mão no rosto – Não precisa se estressar!
- O que está acontecendo? – Kevin, que subiu as escadas correndo, se intrometeu – Droga, Joe, você bateu no Liam ?
- Tira esse cara da minha casa. – Joseph falou, irritado – Eu vou dormir, acorde Nick também e o mande embora – Ele entrou no próprio quarto, antes que obtivesse uma resposta.
- O que você disse a ele? – Kevin perguntou a Liam, que continuava reclamando de dor.
- Só estava dando uns conselhos.

Joe entrou no quarto furioso, nem se importou em bater a porta. Percebeu o olhar de Demetria, mas sabia que ela não diria nada, nunca dizia. Pegou uma roupa no armário, ainda no escuro, e entrou no banheiro da suíte. No banho, teria tempo para absorver as bobagens que o amigo tinha dito. Não importava se estava bêbado, nem que estivesse morrendo poderia ter dito essas coisas. Era seu amigo, não era? Deveria cumprir esta função, ao invés de dizer que eles tinham que trabalhar.
Foda-se o trabalho. Que a banda terminasse, ele não iria sair dali. Sua família vinha em primeiro lugar, sempre.
Demi não tinha o abandonado, pensou, não era culpa dela. Era difícil lidar com a dor, insuportável, não dava para explicar. Liam não podia entender, ele nem ao menos tinha um filho. Perder um filho era a pior sensação do mundo, pior que morrer. E cada um tinha um jeito diferente de lidar com a dor, Demi chorava pelos cantos, negando o acontecido, e ele tentava se manter em pé, vivendo cada dia de cada vez, e apenas tentando manter todos vivos, jogando a dor para o lado. Mas no fim, nada adiantava, pois quando fechava os olhos, tudo o que via era a cena do acidente repetitivas vezes.
Não ficava irritado por Demetria o culpar, nem ao menos surpreso. Ele sabia que era sua culpa, não tinha como negar. Era um fato, assim como o de que sua filhinha estava morta. Não podemos mudar o passado.

Novembro, 2005
- Olhe, Stella, como tudo é bonito daqui de cima. – Falou, segurando a filha no colo, observando a imensidão azul lá embaixo.
- É muito alto! – A menina respondeu, abraçando o pai – Eu subi tudo isso? – Perguntou, olhando para baixo.
- Digamos que pegamos um atalho. – Ele riu, lembrando-se que tinham feito pelo menos metade do percurso, de carro. – Mas mesmo assim é muita coisa, não é? Olhe até onde podemos ver... – Ele apontou para o horizonte.
- O que tem lá? – Questionou, curiosa.
- Se continuar muito mais para lá, chegaremos na China!
- Uau! – Ela pareceu impressionada. Nem ao menos sabia onde ficava a China, mas devia ser longe – Chegaremos em casa? – Ela perguntou, referindo-se a Londres.
- Eventualmente.
Stella pareceu achar isso interessante, então ficou olhando para o horizonte, onde o mundo parecia acabar. Devia ter muito mais além disso. Pediu ao pai para descer do colo, agora já sem medo da altura. Mesmo no chão, o pai segurava sua mão, para assegurar que ela não sairia correndo e caísse daquele penhasco. Ela foi até mais à beira, onde podia ver as ondas batendo nas pedras. Amedrontando-se novamente, agarrou as pernas do pai.
Percebendo que Stella já estava cansada de ficar ali, ele saiu da ponta do penhasco. Foram até um quiosque perto do estacionamento, ele comprou um cachorro-quente para dividir com Stella. Ficaram olhando para o horizonte, enquanto ela contava uma história divertida.
Depois de um tempo, Joe começou a sentir-se observado. Praguejou ao perceber que dois paparazzi estavam próximos dele tirando fotos. Como tinham o encontrado? Ele já estava acostumado, mas não suportava que ficassem tirando fotos da sua filha assim.
- Vamos voltar, Stella? Mamãe deve estar preocupada. – Falou para a filha.
- Mas nós nem vimos o sol se pôr! – Ela protestou.
- Voltamos outro dia, certo? – Prometeu, pegando-a no colo e indo ao estacionamento.
O paparazzi que estava escondido saiu, aproximando-se de Joe. Outro apareceu, fez perguntas, Joe o ignorou. Logo tinham uns quatro tirando milhões de fotos, fazendo com que Joe não conseguisse enxergar. Stella escondeu o rosto no ombro do pai, irritada pela claridade. Um dos paparazzi se dirigiu a ela, fazendo-a perguntas.
- Sai daqui, cara. – Joe aconselhou-o.
Colocou a filha dentro do carro, sem se preocupar em colocá-la na cadeirinha, só queria sair dali. O paparazzi o seguiu, colocando-se na frente do carro para poder tirar fotos. Joe apertou a buzina com força e pisou no acelerador, quase atropelando o paparazzi. Odiava aqueles caras, como eram inconvenientes!
Não conseguia passar uma tarde em paz com a filha, que eles já vinham fotografá-los. Privacidade era uma palavra que não conheciam. E se Stella não quisesse ter sua vida inteira em fotos, para quem quisesse ver? Eles não tinham esse direito.
Saiu com tanta raiva, ainda com a visão embaçada pelos flashes, que não percebeu que um carro subia a estrada. Só notou quando ouviu Stella gritando, e desviou para o outro lado, quase caindo e então virando o carro, batendo em seguida.
Houve um barulho terrível. Ouvia gritos de sua própria boca, se misturando aos da filha e ao barulho que o carro fazia ao virar. O veículo saiu da pista, caindo. O Air-bag foi acionado e ele ficou protegido, mas sua filha no banco de trás voava de um lado para o outro, tendo sorte em não ter saído pelo vidro.
O outro carro, lá em cima, ligara para uma ambulância. Mas já era tarde, ele sabia.
Pelo espelho retrovisor, viu a filha manchada de sangue. Então perdeu a consciência.

Março, 2006
Joe deixou que as lágrimas caíssem no banho. Não queria atrapalhar Demetria. As cenas do acidente voltavam, frescas como sempre. Ele não colocara Stella na cadeirinha, por que não? Ele sempre a colocava, mesmo se fosse uma distância pequena. E mesmo assim, não o fez enquanto desciam uma estrada de terra. Era tão idiota.
Irritado, bateu a cabeça na parede, até que começasse a doer. Gritou no banho, esperando que não desse para ouvi-lo pelo lado de fora. Seu grito se transformou em soluços. Era ele quem devia ter tentado se matar, era ele que devia estar subnutrido agora e rejeitando a morte de Stella, não Demi. Por que ele só causava infelicidade? Talvez Liam estivesse certo, talvez devesse se afastar.
Quando conseguiu controlar o choro, saiu do chuveiro e se secou, tentando livrar-se desses pensamentos. Demi mantinha-se no mesmo lugar da cama, imóvel. Com cuidado, deitou-se ao seu lado, mantendo-se tão distante quanto podia.
- Faça o que Liam disse. Vá embora, Joseph. – Murmurou Demi.
Joe não podia ter certeza se ela tinha mesmo falado, ou se havia sido sua consciência reproduzindo o som de sua voz. Ele não ouvia Demetria falar há tanto tempo que pensava que aquilo poderia ter sido uma ilusão.
- O que? – Perguntou, com a esperança de que ela falasse mais, mas não obteve resposta.
Joe fechou os olhos, sem saber o que fazer. Fazer o que Liam tinha dito... Ela queria que ele fosse embora? Ele só estava piorando as coisas ao ficar ali? Pensava nisso quando caiu no sono. Teria tempo para entender se Demi queria mesmo dizer aquilo... Se é que havia sido ela quem tinha falado.

Dez coment's para o proxímo

Adoro os coment's de vcs! ;) Muita coisa vai rolar. 

Aninha: É sempre bom vc pedir autorização da autora pra reposta porque vai que ela nãoquer que postem em outro lugar e tals. E se mesmo vc colocar como a autora ela pode te acusar de plagio. E é sempre bom ser amiga delas né?!!?
=D

domingo, 29 de janeiro de 2012

Capítulo Quatro
Fevereiro, 2006

Chovia. Há quase três meses chovia sem parar. As nuvens eternas moravam nos olhos de Demetria, e continuariam ali para sempre. Londres estava sempre nublada, mas não fora ali que começara, e sim na Califórnia. Na ensolarada Califórnia. Ironia?
Ironia era lhe tirarem todos que amavam. Não, era apenas trágico. Uma tragédia, realmente. “Todos lamentamos sua perda, Demi” lhe diziam “mas você não pode ficar assim para sempre”. Ora, vejam só, pelo o que parece, ela podia sim.
Não ligava para mais nada. Levantou-se da cama, cansada de ficar ali. Joe se mexeu ao seu lado, acordando. Demi olhou para o relógio, não tendo a mínima noção da hora. Eram apenas seis da manhã. De que importava?
Caminhou, silenciosamente, até o único quarto que lhe interessava. Suspirou ao entrar, tudo continuava igual: completamente morto, mas ainda assim, trazia uma grande onda de alívio. Tudo ali a lembrava de Stella. A pequena cama, as paredes cor de rosa, os quadros infantis e as estrelas que enfeitavam o teto. Os bichinhos de pelúcia na estante sorriam diabolicamente e a caixinha de música, na mesa, parecia tocar a todo tempo.
Tudo estava no exato lugar há mais ou menos quatro meses, quando Demetria e Stella deixaram Londres, sem saber que este quarto nunca mais seria habitado. Para falar a verdade, ninguém nem ao menos tinha limpado o quarto, Demi não deixara, não queria que o cheiro da filha sumisse.
Ela abriu o armário, vendo todas as roupas arrumadas. Demi colocara as roupas que estavam na mala de volta no armário, aquilo a fazia sentir melhor, como se Stella fosse precisar delas alguma vez. Procurando a fundo, encontrou um pequeno cobertor, que usava para enrolar a filha quando era apenas um bebê. Pegou o cobertor e o abraçou, cheirando-o. Há muito tempo tinha sido lavado e guardado, mas Demi preferia pensar que tinha rastros de Stella ali.
Sentando-se em uma cadeira de balanço, ainda segurando o pedaço de pano, começou a cantarolar a música que normalmente tocava no quarto, “Além do arco-íris”, do Mágico de Oz. Era uma música bonita, percebeu, gostava da melodia.
Stella gostava, ela gostava de qualquer música.

Dezembro, 2004

A pequena usava um vestido rosa e uma fita vermelha envolvendo a cintura, fazendo com que parecesse um presente. Seu cabelo estava um pouco abaixo do queixo, deixando seu rosto com um formato redondo, que lhe caía bem. As bochechas rosadas eram enormes, ela parecia um anjo. Um rosto que, no momento estava molhado e inchado devido às lágrimas
- Vamos, Stell, pare de chorar. – Demetria dizia, enquanto tentava tirar o vestido da filha, para colocá-la em uma camisola – Se não se comportar, Papai Noel não vai lhe deixar nenhum presente. – Alertou-a.
- Mas eu não quero dormir, mamãe... – Ela implorava – Quero ficar acordada!
- Nada disso. – Falou cansada – Já passou da hora, querida. Quanto mais cedo você dormir, mais rápido vai acordar amanhã, então poderá abrir todos seus presentes.
Vencida pelo sono, a menina deixou a mãe colocá-la em um pijama e deitá-la. Mesmo sendo apenas seu terceiro natal, ela sabia bem que no dia seguinte, milhões de presentes estariam a esperando debaixo da árvore, no primeiro andar. Papai Noel os deixaria lá enquanto ela dormia, e em troca comeria os biscoitos que ela havia preparado com sua avó paterna e sua mãe. Os avós vieram do interior para passar o Natal, vovô havia lhe contado que a daria mais um presente se ela se comportasse bem. Esse era o único motivo para estar indo dormir.
- Mamãe... – Chamou – Canta uma música para mim? – Quando a mãe começou a cantar “Brilha, brilha estrelinha”, ela a interrompeu novamente – Essa não, outra! Canta a da caixinha. – Pediu, já que só conhecia a melodia e não a letra.
Demetria demorou para conseguir se lembrar da letra. Foi até a caixinha, rodando-a e colocando-a para tocar a parte instrumental. Lentamente, começou a sussurrar a parte da música que sabia.
- Somewhere over the rainbow, blue birds fly and the dreams that you dream of, dreams really do come true* - Murmurou, até perceber que Stella já estava dormindo.
Deu um beijo na cabeça da filha, deixando-a dormir.

* Em algum lugar depois do arco-íris, pássaros azuis voam e os sonhos que você sonhou, sonhos realmente se tornam realidade.

Fevereiro, 2006

Demetria murmurava a música, como se ainda cantasse para Stella. Balançava a cadeira para frente para trás, enquanto segurava o cobertor em seus braços, como se tivesse um recém-nascido ali. O movimento era reconfortante, porém apenas a iludia. Enquanto se balançava, as lágrimas não apareciam. Enquanto deixava se envolver por lembranças, não sentia dor.
Podia ser passado, poderia nunca voltar, ser uma ilusão, mas qualquer coisa era melhor do que a realidade. Mesmo que significasse perder a sanidade. Continuou ali, movendo-se para frente e para trás, cantarolando. Assim os problemas desapareciam.
Sentiu os raios solares esquentarem seu braço, mostrando que já havia amanhecido. Há quanto tempo esteve ali? Talvez horas, talvez meses. Pelo canto dos olhos, percebeu que estava sendo observada. Queria pedir a ele que fosse embora, mas não conseguia parar de murmurar a música. Suspirou de alívio ao perceber que estava sozinha novamente, não queria ninguém a perseguindo.

Ao lado da porta, Joe não quis que as lembranças o impedissem de chorar, pelo contrário, as lágrimas caíam. Podia ouvir Demetria murmurar “Somewhere over the rainbow” em um ritmo lento e torturante. Espiou-a por um segundo, o suficiente para entender o que ela estava fazendo, fingindo que balançava um bebê.
Sua dor era imensa, a culpa por ter causado o acidente de Stella o perseguia todos os dias, mas nada era pior que encarar Demetria. Ela não havia perdido apenas a filha, havia perdido a si mesma. Era apenas um fantasma, que caminhava pela casa sem objetivo, que ia do quarto da filha para o próprio quarto. Tinha que obrigá-la a tomar banho e a comer, senão ficaria parada para sempre. Estava tão magra que todos seus ossos estavam visíveis, seus cabelos estavam secos, precisavam ser cortados, sua pele estava pálida e morta. Pelo menos ela respirava.
No primeiro mês após a morte de Stella, Demi tentara se juntar à filha de todas as formas possíveis. Tomou vários comprimidos, bateu o carro, parou de comer. Até o dia em que Joe a viu segurando uma faca. Ele conseguira impedir, a sacudiu, tentando fazer com que ela voltasse a si, porém Demi apenas chorava e depois o mandou se afastar, para não tocá-la. Joe o fez, pois via em seus olhos que ela o culpava e que ele seria a última pessoa de quem ela aceitaria ajuda. Ele tirou os objetos perigosos da casa, escondeu, colocou grades nas janelas e jogou fora todos os medicamentos, qualquer prato ou copo de vidro foi substituído por um de plástico, que não teria como feri-la. A casa estava à prova de suicídios, e logo Demetria se esqueceu de tentar se matar, apenas se desligou do mundo por completo.
Às vezes, ela ia para o quarto deles e dormia ao seu lado, porém nunca mantinha contato físico. Outras, ela ficava no quarto de Stella, dormindo lá, não saía durante todo o dia. Uma vez, Joe tentara levá-la no colo, mas ela se desesperou, mandou que a largasse. E o que poderia fazer? Cada dia se afastava mais, deixando-a em seu mundo, mantendo contato para verificar se continuava viva, nada mais.
Não sabia mais o que era conversar com a esposa, nem olhares eles trocavam. E aquilo estava o matando. Queria sua Demi de volta. Queria Stella de volta. Queria sua felicidade.

Dez coment's para o proximo

Respondendo as minhas fofolet's ;)

Lourena Lovato: kkkk Caminha Lorena ela não vai virar uma psicopata não!! ;)

Aninha: Sim, sim. Eu pedi autorização para a Flávia pra mim reposta. Esa tudo nos conformes!! ;) 


Nina: Calma ainda vai aparecer como foi o acidente!! ;) Paciência!! uahsa 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

PArte 2

Todos tomaram café da manhã juntos, e saíram para visitar um shopping. Joe não achou divertido, mas foi mesmo assim. Após o almoço feito em casa, Joe saiu com Stella, deixando Demi sozinha.
Às vezes, ela gostava de passar tempo sozinha. Podia aproveitar para fazer o que quisesse, ou não fazer absolutamente nada. Não precisava brincar com Stella, nem conversar com Joe. Não que não os amasse, mas todos precisam de um tempo de descanso.
Mas hoje, tinha um objetivo a cumprir.
Saiu de casa, sem deixar bilhete. Foi para o shopping, determinada a comprar uma roupa. Não precisaria procurar, pois havia feito isso durante a manhã. Entrou na loja, comprando um lindo vestido.
Pretendia voltar para casa depois disso, mas acabou parando em outras lojas e comprando dois pares de sapato e um vestido casual. Parou para comprar um sorvete e enquanto chupava, percebeu que havia passado mais de duas horas ali e estava atrasada. Na volta passou no supermercado, comprando todos os alimentos necessários para fazer o jantar.
O relógio marcava pouco mais de cinco horas quando começou a preparar o jantar. Joe iria chegar logo, pensou, precisava se apressar. Como não sabia cozinhar muito bem, teve que usar um livro de receitas. Uma hora depois, o jantar já estava pronto. Ela deixou no fogão. Só requentaria um pouco, na hora de ser servido.
Foi para o banheiro, agradecendo a quem teve a brilhante ideia de comprar uma casa com banheira. Ali, finalmente iria relaxar. Pegou o som portátil e colocou um de seus CDs preferidos. Raramente podia ouvir as músicas que queria alto, afinal Joe a criticava. E ela não tinha como discutir, ele era o músico ali. Colocou em um volume alto o suficiente para desligar-se do mundo e se afundou na banheira, deixando seus problemas de lado.
Quarenta e cinco minutos depois, saiu do banho, sentindo-se melhor do que nunca. Percebeu que continuava sozinha em casa, e estranhou isso. Joe já deveria estar em casa, já estava escuro. Talvez tivesse resolvido ir com Stella ao cinema, lembrava de terem falado algo assim alguns dias antes. Ficou desapontada por não ter sido avisada ou convidada, mas se bem que se tivessem ligado, ela não teria escutado.
Despreocupada, secou o cabelo e se maquiou. Vestiu a roupa nova. Foi para a sala e colocou a mesa. Observou o relógio que já marcava sete e meia da noite. Será que eles demorariam muito? Esperava que não. Agora, era só relaxar.
Voltou para o quarto, ficando estressada por não conseguir relaxar.
Demetria se olhou no espelho mais uma vez, admirando sua aparência. Até que tinha ficado bem bonita, reconheceu. O cabelo cor de mel caía ondulado por seu busto. A maquiagem estava um pouco mais forte do que ela costumava usar, mas combinava com o vestido vermelho. Ela deixou o quarto, indo para a sala. A comida já estava pronta, mas ela esperaria Joe chegar para servir; os pratos estavam postos na mesa, tudo organizado. Demetria ajeitou a posição dos guardanapos, sem saber o que fazer.
Não se lembrava da última vez que havia feito uma surpresa ao marido, talvez nunca tivesse feito, pensou. Joseph era o romântico, era ele quem preparava jantares, a levava para sair, comprava presentes e dizia coisas bonitas. Porém aquele era um dia especial, ela se lembrou sorrindo. Stella já estava com um pouco mais de três anos e Demi estava pronta para ter outro bebê, e pretendia comunicar Joe logo.
O telefone começou a tocar insistentemente, mas ela não estava no humor de atender. Tirou-o do gancho, feliz com o silêncio. Passado algum tempo, impaciente, ligou a TV. Estava nas notícias, porém agora passavam apenas propagandas. Irritada, resolveu servir logo o vinho, assim poderia beber enquanto esperava. Abriu a garrafa e observou enquanto o líquido caía.
Seu celular também tocava, percebeu depois de algum tempo. Quem estava insistindo tanto em falar com ela? Andou até o quarto, procurando pelo telefone dentro da bolsa. Assustou-se ao ver milhares de ligações perdidas. Voltou para a sala, e enquanto retornava a ligação, pegou sua taça, tomando um gole.
Atenderam do outro lado da linha, choravam. Demi perguntava o que tinha acontecido, e antes que tivesse a resposta completa, deixava o copo cair no chão, manchando o tapete de vermelho. Tentava não acreditar no que ouvia, mas não conseguia impedir as lágrimas de caírem.
- O que? – Gaguejava ao telefone.
- Acalme-se, Demi – Catherine dizia no telefone – Não saia de casa, ok? Kevin está indo para aí, ele vai te trazer para cá. Vai ficar tudo bem.
Como iria ficar tudo bem, se tudo o que sua irmã lhe dizia era verdade? Desligou antes que Cath pudesse dizer mais alguma coisa, caindo ao chão, desesperada. Ela não ia ficar ali parada, precisava chegar até o hospital. Precisava garantir que seu marido e sua filha estavam bem. Meu Deus, Stella. Como estava Stella? Esperava que não tivesse se machucado. Catherine não queria lhe dizer.
Mas sabia que ela não estava, sentia. Sabia quando atendeu ao telefone, e só ouvia Joe chorando na outra linha. E quando Catherine pegou o telefone e disse que eles estavam no hospital. Tinham sofrido um acidente. Como e Kevin estavam lá, e ela não? Por que insistiu em não atender ao telefone? E no que estava pensando quando ficou desligada ouvindo música, em vez de prestar atenção para ver se ligavam?
Agora não tinha a mínima ideia do que tinha acontecido com a família.
Ouviu alguém tocando a campainha e correu para abrir. Kevin estava a ali. Ele apenas a abraçou. Demi não retribuiu, apenas correu para o carro.
- O que aconteceu? – Murmurou, no carro – Por favor, Kevin, me conte. Eu sei que aconteceu alguma coisa.
- Houve um acidente, Demi. – Kevin falou, baixo – Um acidente muito, muito feio. Tinham vários paparazzi aqui, eles estavam perseguindo Joe. Tentaram levar Stella, Joe ficou desesperado, saiu correndo com o carro.
- O que aconteceu, Kevin? – Perguntava – Eles estão feridos? Mataram alguém, é isso?
Ela tentava não pensar no pior. Tinha ouvido Joe no telefone, não tinha? Ele estava chorando, mas tinha ele mesmo ligado. Isso significava que estava bem. Chegaram ao hospital, Demetria pulou do carro, correndo para ver o que tinha acontecido.
Encontrou Catherine os esperando, no corredor. Sua feição estava assustada, porém não tinha chorado, ela percebeu. Não há motivos para preocupação, Demetria, está tudo bem, ela dizia para si mesma. Olhou à sua volta, procurando pelo marido e pela filha, mas eles não estavam ali. A irmã se aproximou e a abraçou. O que significava aquele abraço? Era bom ou ruim? Kevin ficou olhando, seu olhar era preocupado. Parecia saber de algo que preferiu não revelar. Demi não tinha certeza se queria saber.
Um médico apareceu, disse a Demetria que iria levá-la para o marido. Ela o seguiu até um quarto, Joe estava lá. Seu rosto estava inchado e cheio de arranhões. Estava deitado e parecia que seu braço estava quebrado. Mas estava bem. Estava vivo. Demetria suspirou de alívio.
- Onde está Stella? – Perguntou, notando o que faltava – Onde está minha filha? – Questionava ao médico.
Viu a mudança de humor do médico. Virou-se para o marido, viu que ele nada falava.
- Onde está minha filha? – Repetiu – Eu quero vê-la, agora.
- Acalme-se, Sra. Jonas. – Ele pedia – Sua filha está em cirurgia. Se quiser, podemos levá-la para lá.
Em cirurgia? Como assim em cirurgia? Stella, aquela pequena imitação de gente, precisou passar por uma cirurgia? Mas ela só tinha três anos! O acidente não podia ter sido tão grave... Não podia. Olhou para Joe, como se pedisse ajuda.
- Eu sinto muito. – Ele murmurou – Eu não vi... Não sabia... – Ele dizia coisas sem sentido.
- Acompanhe-me. – O médico a avisou e ela o seguiu.
Passava o corredor com pressa. Lágrimas rolavam pelo rosto de Demetria, ela não conseguia imaginar sua filhinha em cirurgia, sofrendo. Não podia. E onde estava ela quando isso aconteceu? O hospital era triste, cheirava a morte e solidão. Onde estavam as pessoas? Entrou na área da emergência. Seguiram até uma das salas de cirurgia. O médico deixou que ela entrasse, mas alertou que ela não deveria ficar muito próxima. Stella estava na cama, no centro de todas aquelas pessoas enjalecadas. O sangue – e como tinha sangue ali! – contrastava com a brancura de sua pele.
Os médicos falavam coisas que ela não entendia. Bisturi, desfibrilador, anestesia, taxa de oxigênio, batimentos cardíacos. Estamos a perdendo. Mais uma vez. Hemorragia interna, traumatismo craniano. Perdeu muito sangue. Sete minutos. Não há mais nada que se possa fazer. É só um bebê. Sinto muito. Não. Continuem tentando, continuem.
Não. Não. Não. Não! Os médicos tiraram as luvas, limparam o corpo de Stella. Olharam para Demetria com pena. A linha que marcava os batimentos cardíacos estava reta, alguém desligou o monitor. Um médico lhe explicava o que tinha acontecido. Não puderam evitar, ela perdera muito sangue, batera a cabeça. O cérebro tinha ficado muito tempo sem oxigênio.
Lágrimas rolavam pelo rosto de Demetria. Ignorou os médicos, andou até seu bebê. Segurou a mão dela. Sem pulso, sem vida. Não, isso estava errado. Como isso acontecera?
Sua filha. Sua pequena estrela estava ali, morta. E ela estava viva. Isso não era certo, não era natural. Sentiu Joe a abraçar pelas costas – quando ele chegara aqui? – ele também chorava, notou. Não se importava, se afastou dele. Só queria ficar com sua filha agora.
Chorava alto, percebia. Nunca tinha chorado tanto assim. As lágrimas molhavam o rosto de Stella, talvez levassem a vida de volta ao rosto da criança. Não sairia dali, ficaria com sua filha, não iria abandoná-la novamente, nunca mais.
Volte, Stella, por favor. Não podem fazer isso.
- Demi... – Joe murmurava, ela não respondia.
Era culpa dele. O acidente, tudo. Não importava o que tinha acontecido, era culpa dele. Seu bebê não estava mais ali, então nada mais fazia sentido.
Os médicos tiveram que a tirar dali. Sedaram-na, ela não viu mais nada. Não queria sair dali, queria ficar com a filha.
Stella, Stella... Onde está você agora?
Juntou-se às outras estrelas do céu, a onde pertencia desde o início? Por quê? Por que nos abandonou tão cedo?
Irei a seu encontro, Demi pensava, os olhos fechando, lutando contra os médicos. Logo iremos nos encontrar, meu bebê, você não vai ficar sozinha por muito tempo, não precisa se preocupar.
Sem dor, sem sofrimento, deitada na cama, sedada, nada acontece. Nada existe. O mundo acabou.
Apenas uma morta-viva. Onde está Stella? Sonhara com ela aquela noite... Que sonho estranho! Por um momento pensara que a filha não estava mais lá, bobagem, daqui a pouco apareceria feliz e saltitante, enchendo-a de perguntas.
Lágrimas. Não era um sonho. A dor não acabava nunca.
Abriu os olhos, dor. Não era ela que havia sofrido o acidente, mas sentia como se fosse. O quarto era branco, por que hospitais eram brancos? Queria cores. Stella gosta de cores.
Joe está sentado ao seu lado, chorando. Segurava sua mão. Ela não precisava que segurassem sua mão. Afastou-se, queria ficar sozinha. Quis passar o dia sozinha e sua filha morreu. Estava morta. Por quê?
Ela não falava e não falaria, até ter a filha de volta. Isso era uma brincadeira, de muito mal gosto, por sinal.
Já tinham lhe tirado os pais, por que levaram a filha? Sua filhinha... Sua vida.
Que a levassem então, não tinha motivos para ficar. Acabou.

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Obs:Meninas tive que voltar a fazer isso, preciso saber o que tão achando e como não estão comentando pelo menos quantidade eu preciso ver né?!?!E Seja Bem vinas as novas seguidoras. ;) 

Quem quiser ficar sabendo qndo posto pelo twitter!! É só pedir la que eu aviso!! ;)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Capítulo Três
Outubro, 2005

- Papai já está aqui? – Stella perguntava insistentemente à mãe, durante o caminho.
- Sim, está nos esperando. – Demi respondia, já sem paciência para tantas perguntas.
Era para terem chegado há quatro dias, mas Demetria ficou presa em Londres por conta do trabalho. Apesar de ter ficado irritada, compreendia que precisava cumprir seus deveres e terminar de planejar o evento, senão, bem sabia, ligariam de cinco em cinco minutos durante suas férias.
Stella, por outro lado, não entendia. Estava contando os dias para rever o pai, como iriam adiar a viagem? Ela já não havia esperado o bastante? Porém não há nada que se possa fazer com três anos.
- Eu queria ir ao show. – ela comentou, emburrada.
- Eu sei querida, mas já te expliquei que não foi possível. Você terá outras oportunidades.
- Tia Cath também está aqui? Está com papai?
- Cath mora aqui, mas não está com papai. Nós a encontraremos amanhã.
Quando o táxi parou em frente a uma casa, Demi deu graças a Deus. Finalmente a filha pararia de lhe encher de perguntas. O McFly tinha comprado aquela casa há quatro anos. Tinha quatro quartos, sendo um deles recentemente transformado em um quarto para crianças; uma sala gigantesca, salão de jogos, cozinha aconchegante e uma linda varanda. Normalmente cada um vinha em uma época, mas já acontecera de todos virem juntos e transformarem tudo em festa.
A cidade era próxima de onde Catherine morava agora, o que Demi adorava, pois podia rever a irmã. E Stella também amava a tia, achava Cath divertida e sempre ficava uma semana perguntando sobre ela quando iam embora.
Ao saltarem do táxi, Stella subiu correndo as escadas da casa e apertou a campainha insistentemente. Enquanto o taxista ajudava Demetria a tirar as malas do carro, Joe abriu a porta. Stella gritou de felicidade ao ser abraçada pelo pai.
Joe a pegou no colo, caminhando até onde Demi estava. Ao se aproximar da esposa, a beijou com ternura. Colocou Stella no chão e disse para Demi ir entrando, que ele levaria as malas em seguida.
Mais tarde naquele dia, Demi e Joe mataram a saudade um do outro, finalmente se sentindo completos depois de tanto tempo separados.

Novembro, 2005

Já estavam viajando há mais de três semanas. Tinham visitado todos os lugares mais uma vez, ido a praias, mesmo estando quase no inverno. Saíram com Catherine várias vezes e com Kevin, que também estava por ali, mas resolvera ficar em um hotel. Algumas vezes, Stella dormiu na casa de Cath, deixando Joe e Demi com a casa inteiramente para eles.
- O que vamos fazer hoje? – Joe perguntou à mulher, quando percebeu que ela estava acordada – Estava pensando em levarmos Stella para escalar aquele morrinho perto da praia, sabe? A vista é muito bonita, ela vai adorar.
- Stella tem três anos, Joe, ela não escala – Falou, rindo, levantando-se da cama.
Joe tinha mania de apressar as coisas. Logo que a filha começou a se interessar por música, quis que ela aprendesse a tocar algum instrumento. Queria colocá-la na escola antes mesmo que ela completasse um ano, e lia histórias para filha antes que ela começasse a falar. Stella não se incomodava, às vezes fazia muitas coisas antes da hora, mas cada coisa tinha seu tempo.
- Ah, mas eu vou ajudá-la. De qualquer forma, tem outro caminho, que dá para ir um pedaço de carro e outro andando, ela vai adorar, Demi ! – Ele pedia.
É claro que vai. O que Stella não adorava? Ela ia para todos os lugares, adorava qualquer novidade. Demetria tinha outros planos para aquele dia, porém. Queria pedir para Catherine ficar com ela, naquela noite, pois queria ficar sozinha com Joe. Mas ao encarar o olhar do marido, não podia negar.
- Como é esse lugar? Não me lembro de ter estado lá. – Comentou e Joe sorriu, contando vitória.
- Acho que você não foi. É, não mesmo. – Ele pareceu se lembrar – Fomos há um pouco mais de um ano atrás. Uns dois anos, talvez. Lori estava grávida, você ficou com ela. Mas poderá conhecer hoje, é incrível.
- Acho que não. Vá você e Stella, vou ficar por aqui. Tenho umas coisas para resolver.
Joe não perguntou que coisas eram essas. Foi acordar a filha, informando-a de seu programa. Demi sorriu, já bolando um novo plano.

Parte 2


Setembro, 2002

- Sra. Jonas, sua filha – A enfermeira lhe disse com um sorriso no rosto e entregou o minúsculo bebê, ainda sujo de sangue, que chorava sem parar.
Ao olhar para a pequena criatura, que durante os nove meses anteriores morara em sua barriga, Demi começou a sorrir. Ela era tão pequena, e tão perfeita. Ainda estava com a cara levemente amassada e suja, o pouco cabelo que tinha estava bagunçado. Demetria arrumou-o, passando cuidadosamente os dedos pelo rosto da filha.
Antes que pudesse acabar de admirá-la, a levaram para limpá-la, mas a trouxeram rapidamente de volta, graças a Deus. Segurando-a, enquanto amamentava, Demi sentiu que finalmente encontrou o que procurara durante toda sua vida.
- Ela é tão linda – Joe murmurou, observando a filha. – E precisa de um nome, urgentemente.
- Já escolhi um. – Demetria falou, com um sorriso no rosto – Stella.
Demi sempre admirara as estrelas, muitas vezes quando tinha a oportunidade de ir para o campo, ficava horas observando o céu. Apenas estrelas podiam iluminar todo o mundo. Afinal, o luar não era nada mais do que o Sol – que, por acaso, era uma estrela – iluminando a lua. Toda luz se baseava nas estrelas.
Stella significava estrela. Demi pensou que fazia sentido chamar sua filha assim, uma vez que ela iluminaria sua vida.
- Stella. – Joe sussurrou – Ela tem cara de Stella.

Setembro, 2005

A casa estava toda arrumada com temas infantis. No jardim lá fora, tinham conseguido instalar um pula-pula, combinando com os brinquedos de parquinho que já estavam lá. No outro canto, um mágico iria se apresentar. Dentro da casa, a mesa estava pronta, e Demetria surtava organizando os últimos detalhes.
Seria tudo mais fácil se tivessem ido até uma casa de festas. Mas Joe queria que fosse em casa, a nova e grande casa. Tudo bem, seria ali então.
- Querida, não toque no bolo, por favor. – Pedia a filha, que já estava prestes a furar o bolo.
Stella se recolheu, saindo de cima da cadeira e indo correr pela casa novamente. Joe apenas ria, sentado no sofá, admirando a cena. Não estava ajudando em nada, sabia, mas achava engraçado ver a mulher irritada, por isso continuaria assim. Demetria, previsivelmente, o encarou estressada, e foi correndo buscar a filha, prevendo que ela se sujaria antes mesmo dos convidados chegarem.
Stella, aos exatos três anos, era uma criança ativa. Apesar de passar muito tempo brincando com bonecas, gostava ainda mais de correr ou de passar o tempo no parquinho. Quando sentia que era uma data especial, praticamente surtava. Não ficava parada por um segundo.
- Vamos, Stell, fique parada um pouquinho, certo? – Demetria pedia, levando a filha para dentro de casa – Quer assistir televisão enquanto isso?
Antes que a filha pudesse responder, Demi ligou a TV, saindo da sala.

Em menos de uma hora, a casa estava cheia. No jardim, várias crianças corriam alegremente, parecendo se divertir bastante. Mais para dentro, Demi conseguia identificar conhecidos conversando. Alguns músicos, amigos de Joe, também estavam presentes. Demetria observou Stella brincar com alguns amiguinhos e, ao ver a filha sorrindo, chegou a conclusão que valia a pena todo o trabalho. Stella estava feliz, e nada mais importava.
Depois de escurecer, apenas os mais amigos continuaram ali. Selena e Nick estavam sentados no sofá, com Elle, sua filhinha de um ano, parecendo cansados. Kevin estava em um canto conversando com Catherine, que tinha vindo passar as férias na Inglaterra, Liam conversava com uma colega de trabalho de Demetria, que tinha uma filha pequena.
- Papai, toca uma música! – Stella pedia com os olhos brilhando.
Ela amava música. Amava a banda. Sempre que podia, pedia para o pai tocar e cantar para ela as músicas do McFly, sabia cantar várias delas. Já tinha ido até a alguns shows. Obviamente, ficara no backstage.
Joe, não resistindo aos olhos pidões da filha, chamou os amigos, pegou os instrumentos e começaram a tocar. Stella olhava para ele maravilhada. Elle balançava o corpo de um lado para o outro, dançando no ritmo da canção.
Demi sorria ao ver o marido tocar, era sempre bom ouvi-lo. McFly era totalmente surreal.
Quando a música acabou, os convidados restantes bateram palmas. Stella pediu por mais e eles acabaram concedendo seu desejo. Após mais duas canções, eles finalmente conseguiram convencê-la de que seu aniversário não era um show.

- Vamos abrir os presentes! Agora! – Stella ordenava, já pegando uma das caixas e rasgando os papéis.
- Ah não... – Joe resmungou – Não pode fazer isso amanhã?
- Seu pai tem razão, Stella, já está tarde. É hora de dormir – Demetria completou, pegando o brinquedo da mão da filha e colocando em cima da mesa.
- Mas não estou com sono. – Reclamou – Hoje é meu aniversário, mamãe, quero abrir os presentes.
Demetria ajoelhou na altura da filha, às vezes era tão difícil negar seus desejos. Mas era necessário, precisava educá-la para que não se tornasse uma menina mimada e chatinha.
- Amanhã logo que acordar pode nos chamar, aí abriremos os presentes juntos, tudo bem? Agora não.
Após convencerem Stella de que os presentes ainda estariam lá no dia seguinte, Demetria a deu banho e os dois a colocaram para dormir. Joe contou uma história para a filha relaxar, como fazia todas as noites. Quando ela já começava a fechar os olhos, Demetria cantou “Brilha Brilha, estrelinha” para ela, como fazia sempre há três anos. Logo, seu bebê iria crescer e não precisaria mais de músicas nem histórias para dormir, mas enquanto esse dia não chegava, iria aproveitar.
Eles deram um beijo de boa noite na filha e fecharam a porta com cuidado, deixando um pequeno espaço aberto, para que a luz do corredor entrasse e ela não ficasse completamente no escuro.
- Foi um dia cansativo... – Demetria comentou, enquanto se deitava na cama, exausta – Mas Stella adorou.
- Sim, ela estava se divertindo. Agora deve estar dormindo profundamente. – sorriu pervertidamente para a esposa – Sabe, sinto saudade de estar sozinho com você.
- Estamos sozinhos agora – Falou.
No segundo seguinte, Joe já estava deitado por cima de Demetria, a beijando e tirando o resto de suas roupas. Como amava estar com ela.

Duas semanas após o aniversário de Stella, Joe se preparava para viajar com a banda. Fariam uma turnê de mais de um mês pela América. Demetria iria com Stella ao último show, então a família iria para a Califórnia, onde passaria três semanas.
- Tchau, papai... – Stella abraçava Joe, no aeroporto – Nós vamos logo encontrar você.
Joe beijou a testa da filha. Odiava ter que ir a turnês. Certo, estava longe de odiar, amava seu trabalho, amava a emoção de se apresentar, a reação do público, mas não suportava ter que ficar separado de sua família. Queria que Demi e Stell pudessem acompanhá-lo sempre, seria perfeito. Mas Demetria tinha um emprego e Stella tinha que ir para o colégio, não podiam simplesmente abandonar tudo.
- Stella está certa, logo iremos encontrá-lo. – Demetria disse, passando os braços em volta do pescoço do marido – Comporte-se, ok? – Beijou Joe demoradamente – Vou sentir sua falta.
- Eu também, meu amor. Eu também. – Beijou-a mais uma vez, afastando-a depois – Ligo para vocês assim que chegar.
Kevin veio chamar, dizendo que eles tinham que entrar. Joe se despediu com olhar e foi embora, deixando seu coração ali.

- Queria poder viajar com papai. – Stella confessou à mãe mais tarde naquela noite.
- Eu também. Mas o tempo passa rápido, você vai ver.
Ela não sabia se dizia isso para a filha ou para ela mesma. Queria que Joe tivesse um emprego normal, trabalhasse de nove às dezoito, de segunda a sexta, com um mês de férias por ano e pronto. Mas não, ele era um músico. Passava semanas fora de casa, fazia shows, às vezes chegava tarde porque ficara compondo com os outros caras. E quanto mais tempo passava, mais famosos iam ficando. Às vezes, paparazzis tiravam fotos deles.
Quando se casaram, a imprensa não ficava atrás deles assim. O McFly ainda não era tão famoso. Mas agora, estavam no auge de sua carreira. Adoravam Stella, e sempre que possível tiravam várias fotos dela. Também gostavam de uma intriga, sempre inventavam boatos sobre Liam e Kevin. O casamento de Selena e Nick fora infestado por fotógrafos e tentaram comprar fotos de Elle, o que, é claro, não conseguiram.
Porém, tudo tinha seu lado bom. Não era maravilhoso quando todos se reuniam? Quando os garotos tocavam e elas ficavam só ouvindo. Quando iam a um show, e viam como o público os amava. Sentia orgulho de Joe e Kevin, seus melhores amigos. Haviam começado do nada, agora estavam ali, colhendo o fruto de um árduo trabalho. E Demi bem sabia como eles mereciam tudo aquilo.
- Quando a gente encontrar o papai, eu vou poder ir a um show? – Stella pediu, despertando Demetria de seus pensamentos.
- Veremos. – Prometeu à filha – Agora, hora de dormir.
Estavam no quarto de Demi e Joe. Sempre que o marido estava viajando, Stella dormia na cama dos pais. Assim, não se sentiam sozinhas e a casa não parecia tão grande.
Demetria contou uma história para a filha, o que normalmente era o papel de Joe, e depois cantarolou, até que Stella caísse no sono. Dormiu em seguida, abraçada com sua pequena filha.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012


Capítulo Dois
Dezembro, 2000

Demetria admirava a vista de Londres. A cidade era muito bonita, era incrível como acabava se esquecendo desse fato, já que vivera ali sua vida toda. Tomou um gole da taça de champanhe, enquanto tentava imaginar o motivo por estar ali. Era verdade que desde que começaram a namorar, há oito meses, Joseph vivia a surpreendendo, mas dessa vez fora totalmente inesperado.
- O que exatamente estamos fazendo no London Eye? – Demetria perguntou, virando-se para encarar o namorado.
- A vista daqui é muito bonita. Adoro morar em Londres.
- É verdade... – Ela concordou – Você não me chamou aqui só para observar a vista, não é?
- O que tem de errado com a vista? – Ele riu – Não só observar a vista, mas observar a vista ao seu lado –completou, sorrindo, e Demetria não pôde deixar de retribuir. – E também... –acrescentou.
- É claro que tinha um “também”. – Ela riu.
- E também porque desde a primeira vez que eu vim aqui, em fevereiro, pensei em fazer uma coisa. Foi uma ideia que eu tive – falou, misterioso.
- Que ideia? – Ela franziu a testa.
- Que aqui seria um bom lugar para te pedir em casamento. É claro que, nessa época, você ainda estava namorando John. Mas decidi que se um dia tivesse a oportunidade, seria aqui.
Os olhos de Demetria brilhavam enquanto ela tentava processar o que Joe dizia. Ela o encarava e Joseph sorriu ao perceber. Em resposta ao silêncio que se estabeleceu na cabine, ele tirou uma pequena caixinha do bolso, ajoelhando-se.
- Bom, me sinto idiota fazendo isso, parece mais legal nos filmes. – Ele riu – Mas... Demetria Lovato, você aceita se casar comigo?
- Sim! – Ela gritou de felicidade, emocionada com o pedido – Ai meu Deus, Joe, isso é tão lindo. Estou me sentindo idiota.
- É idiota isso tudo, na verdade. – Ele dizia enquanto colocava o anel no dedo dela. – Como se não fosse óbvio que eu queria casar com você.
- Eu te amo, Joseph. – Ela sorriu e o beijou.

Outubro, 2001

- Não acredito que você vai se casar! – Selena dizia enquanto admirava a amiga – Amanhã você não estará mais morando comigo, dá para acreditar? E devo dizer que aquela tal de Samantha é estranha, acha que ela pode ser uma psicopata ou algo assim? Talvez não seja seguro morar com ela.
- Deixe de besteira, Sel, trabalho com Sam há bastante tempo, ela é legal. Mas foi você quem quis encontrar outra pessoa para ficar no meu lugar, lembra? Eu disse que você devia morar com Nick. – Demetria falou.
- Nós não somos tão apressados. Você e Joe que correram para se casar... Não estão nem há dois anos juntos!
Demetria riu. Não que estivessem correndo, mas não havia motivos para esperar. Amava Joe e ele a amava também, os dois tinham uma carreira estável. Certo, talvez o emprego de Joe não fosse tão estável assim, mas a banda estava se tornando um sucesso na Inglaterra e começando a ficar famosa pelo mundo.
E seu emprego também era bom, fora admitida em uma das melhores empresas do ramo, e às vezes trabalhava como autônoma. Era uma incrível organizadora de eventos, sabia disso. Teria organizado seu próprio casamento totalmente sozinha, se suas colegas de trabalho não ficassem insistindo tanto em ajudar. Afinal, ela mesma aconselhara muitas noivas, dizendo que seria muito estressante fazer isso tendo muitas outras coisas para se preocupar.
O que era verdade, pois além do casamento, continuaria tendo que trabalhar e, desde que mudara de emprego, tinha que organizar muitas coisas ao mesmo tempo. E ainda procurar uma casa para se mudar! E comprar móveis, fazer a decoração. Meu Deus, ainda bem que tudo acabaria hoje e ela passaria duas semanas de férias em lua-de-mel, ela mal podia acreditar!
- Selena, você tem que ir agora. – Stacy, que estava ajudando na organização do casamento, entrou na sala avisando – Se juntar às outras madrinhas. Demi, prepare-se. Os padrinhos vão começar a entrar em menos de dez minutos. Joseph já está lá dentro – Acrescentou – Parece nervoso.
- Ai meu Deus. Você verificou se está tudo certo? Não quero descobrir que as flores estão erradas enquanto entro na capela.
- Está tudo certo, Demi! Agora se acalme. Vão te chamar quando for para você sair. E você está linda. Vai ser um casamento maravilhoso.
- Obrigada, Stacy. – Só conseguiu murmurar isso antes da amiga sair acompanhada de Selena.
Demi olhou para o espelho, observando o penteado, tentada a tocar no cabelo, mas não podia. Odiava ser impedida de fazer coisas, só a deixava mais nervosa. A porta nem chegou a se fechar e alguém entrou. Fora assim o dia todo, desde que chegara ao hotel onde seria a cerimônia e a festa. Várias pessoas passavam para cumprimentá-la. Não podiam fazer isso depois?
- Uau, olhe só você! – Ouviu uma voz conhecida e se virou.
- Cath?! – Ela pulou da cadeira, correndo para abraçar a irmã – Meu Deus, você está aqui!
- É claro que estou aqui, sou a madrinha, esqueceu? Desculpe a demora, o vôo demorou mais do que eu esperava. Eu tive que correr para me aprontar e tudo mais. Até ia ligar, mas pensei que não tinha motivos para te perturbar. – Ela falava sem parar – Eu estou atrasada. Uma mulher chamada Stacy me parou dizendo que eu já deveria estar no meu lugar, seja lá o que isso signifique, mas vim para cá do mesmo jeito... – Reclamou, fazendo uma cara de irritada ao falar de Stacy – Eu estava com tanta saudade, Demi.
- Você deveria ligar mais! – Avisou – Você deve ir, daqui a pouco os padrinhos entram. Eu converso com você depois. – disse, empurrando a irmã para fora.
Catherine estava ali, agora se sentia completa. Sua irmã fora para os EUA fazer faculdade. Não fazia sentido, é claro, uma vez que havia faculdades ótimas na Inglaterra, mas ela reclamou que gostava dos americanos e estava cansada do clima inglês. Demi não discutiu, se isso a deixava feliz, que fosse para a América, porém ela era sua única família.
Seus pais haviam morrido em um acidente de carro quando ela tinha treze anos e Cath sete, então passou a morar com os avós bem velhinhos. Era ela quem cuidava da irmã, como se fosse sua mãe. Quando os avós morreram, três anos antes, teve que cuidar de Catherine oficialmente. Por sorte, Cath já tinha dezesseis anos e não dava muitos problemas, se mudou para o apartamento de Demetria e Selena, mas dormia mais na casa das amigas e depois, Demetria sabia, na do namorado, do que lá.
- Srta. Demetria... – A ajudante na organização chamou, abrindo a porta do quarto – Já está na hora.
Demi respirou, antes de caminhar até a entrada da capela. Céus, ela iria se casar. Quanto tempo esperou por esse momento? Vinte e cinco anos, pensou, esperara durante sua vida inteira. Avistou Stacy, a mandando se apressar. Viu que Catherine, a última madrinha a entrar, já o fizera, e Holly, sua daminha, já estava entrando.
Ao seguir os comandos de Stacy, se viu seguindo Holly em direção ao altar. Por um momento, sentiu sua insegurança voltar, porém quando seus olhos encontraram os de Joe, se esqueceu de todas as preocupações. Ela o amava tanto. E eles iam se casar.
- Hey. – Ele murmurou, ao encontrar sua mão – Você está linda. Parece até que vai casar. – Brincou, sussurrando em seu ouvido e beijou sua bochecha.
Durante a cerimônia, ela e Joe cochichavam um com o outro. Na hora dos votos, Demi chorou e Joseph riu de sua cara. Eles estavam casados.
- Então, Sra. Jonas, o que deseja fazer agora? – Joe perguntou, após cumprimentarem todos os convidados e ficarem sozinhos.
Sra. Demetria Jonas, isso soava bem. Mais do que bem, perfeito.

Fevereiro, 2002


Demetria andava de um lado para o outro. Joe deveria chegar em instantes, e ainda não tinha a mínima ideia do que diria. O jantar estava servido e, para falar a verdade, esfriaria daqui a pouco. Mas não estava se importando com isso. O telefone tocou, Demi pensou que era o marido avisando que demoraria um pouco mais. Havia sido assim nas últimas semanas, mas ela entendia. O McFly era um sucesso e ele precisava compor e gravar novas músicas, treinar para os shows e tudo mais.
- Hey, Demi – Joe disse quando ela atendeu – Esqueci a chave de casa, abre pra mim? Já estou chegando.
É claro que quando ela menos queria, ele chegava cedo. Respirou fundo, não tinha nada para temer. Esse poderia não ser o melhor momento, com a banda saindo para um tour em menos de um mês, mas ela não poderia prever.
Abriu a porta, notando que chovia um pouco, ela nem ao menos tinha percebido isso. Viu o carro de Joe chegando, ele estacionou e veio correndo, beijando-lhe com entusiasmo ao entrar em casa.
- Eu fiz o jantar. – Falou, sentindo a mão suar – Já está esfriando, vou servir logo.
- Terminamos a música hoje! – falou animado – Estamos pensando em cantá-la em um dos shows. Selena estava lá, ela adorou! Foi uma pena que você não estivesse também. Liam levou a nova garota dele, algo assim, parece que dessa vez é sério.
- Espero que seja, ele anda meio perdido, uma namorada talvez o deixe melhor. – Demi observava, enquanto servia a comida.
- O que houve? Você parece nervosa.
- Não é nada, estou emocionada, na verdade. Não posso acreditar que vocês vão sair em um tour para fora do país! Isso é tão surreal.
- Não é?! – Ele pareceu esquecer da preocupação com a esposa – É totalmente maravilhoso! Nós devíamos comemorar. Vou abrir uma garrafa de champanhe! – Falou, já se levantando para pegar a bebida.
- Eu acho melhor não. – Saiu antes que ela pudesse controlar – Não posso beber álcool. Joe, eu estou grávida. – Mordeu o lábio inferior ao falar.
No mesmo instante, ele parou de se mexer, encarou a mulher, sem saber o que dizer. Bastou meio segundo para que um sorriso começasse a aparecer em seu rosto, e ele puxasse Demetria para perto de si, a beijando.
- Meu Deus, Demi, isso sim é motivo para comemorar! – Ele a beijou mais uma vez, colocando a mão em sua barriga – Há quanto tempo?
- Fiz o teste hoje de manhã, mas já desconfiava. Estou com um mês. Não estava tomando a pílula, você sabe, aconteceria eventualmente, mas não esperava que fosse tão rápido.
- Nós vamos ter um filho, Demi! – Ele gritou de felicidade. 

Bom meninas. Ai esta o proximo. Como falei vou postar na hora que me dar na telha pq nãovou ficar esperando todas comentarem. Pq ja reparei que MUITAS   não estão comentando. Então não vou deixar a fieis leitoras sem historia. Espero que gostem. 
E para as minhas fieis. Por favor, não é pq não estou dando limite  de coment's que vão deixar de comentar. ;) 
Bjinhus

domingo, 22 de janeiro de 2012

Parte 2

Junho, 1994

- Sempre tive inveja de Kevin – Joe falou de repente.
Demetria se virou para encará-lo. Estavam sentados em uma sorveteria do shopping, conversando após a aula, apenas os dois. Ela já tinha ficado sozinha com Joe algumas vezes, apesar de normalmente estar acompanhada do resto dos garotos e algumas de suas amigas, porém nunca assim, propositalmente.
- Por que diz isso? –franziu a testa. Kevin e Joe eram super amigos, não tinha motivo para ter inveja dele.
- Porque ele já te beijou – Ele falou simplesmente, encarando Demetria nos olhos.
A garota sentiu o próprio rosto queimar. Preferia esquecer o breve período e m que tinha namorado Kevin, seu melhor amigo, aquilo fora estranho. Porém, não era por isso que ficara com vergonha e sim por Joe dizer que tinha inveja de Kevin por causa disso. Era quase como uma declaração de amor.
- Não vejo isso como um motivo de inveja. – Ela falou, enrubescendo ainda mais – Afinal, você só não me beijou ainda porque não quis... – Disse, desviando o olhar para o chão.
Ela ouviu Joe dar uma risadinha, antes de colocar a mão em seu queixo, fazendo com que ela o encarasse, e em segundos encostando sua boca na dela. Quando se beijaram, era como se todas as peças do mundo se encaixassem e tudo passasse a fazer sentido. E logo, Demi descobriu que sempre seria essa sensação.
Ela se apaixonou por Joe, mas então as aulas acabaram. Ele foi passar as férias fora, e ela ficara em Londres. E então Joe, com dezoito anos, fora para a universidade. Eles se falaram algumas vezes pelo telefone, mas Demi pôde perceber que o curto romance deles acabara ali. E menos de dois meses depois, quando Kevin voltara para casa para o aniversário de sua mãe, Demetria ficou sabendo que Joe estava namorando uma menina da faculdade. Demetria ficou de coração partido, mas acabou superando isso e terminando seu último ano no colégio.

Março, 2000

- É oficial – Selena falou ao ver Demetria chegando em casa após o trabalho, em uma sexta-feira – Cansei de ficar em depressão, vamos sair hoje!
- Amém! – Demi riu, jogando sua bolsa no sofá – Já faz quase um mês que está assim.
- Hoje faz um mês, na verdade. – Selena falou, mordendo o lábio – Por isso decidi que já sofri demais por aquele cara, é hora de acordar.
- Isso é ótimo, Selena!
Demetria foi para o próprio quarto, onde tirou os sapatos e se jogou na cama. Ouviu os passos de Selena se aproximando e revirou os olhos mentalmente. Por que ela sempre escolhia os piores dias para tudo?
- Não ouviu o que eu disse? Nós vamos sair. Eu não vou sozinha, ok? E você está solteira também, não tem desculpa.
- Estou cansada, Sel, tive um dia duro no trabalho. E além disso, onde você pretende ir? Estou velha para ir à boates.
- Você tem vinte e três anos, Demi, desde quando está velha?
- Desde que, mentalmente, acabei de completar oitenta. Sério, Selena, agora que você está bem e tudo mais, eu até te arrumo um encontro, mas no momento eu só quero dormir.
- É, você definitivamente está velha! – Selena murmurou – E como pretende arranjar um encontro para mim, se não consegue nem para si mesma?
Demetria apenas a lançou um olhar raivoso. Poderia arrumar um encontro quando quisesse. Aliás, faria isso. Selena não precisava saber com quem era, não é? Ela poderia muito bem sair com Joe e dizer para a amiga que foi algum cara novo. Ok, ela já era uma adulta, isso seria completamente idiota. Mas poderia arranjar um encontro para ela e para Selena também.
Com quem Selena combinava? Ela parou para pensar. Não iria marcar um encontro com nenhum de seus colegas de trabalho. Pensou em chamar Kevin, ele era seu melhor amigo e ela sua melhor amiga, alguma coisa a ver tinham que ter! Mas, se não estava enganada, Kevin estava saindo com alguém, o que estragaria seu plano. Bom, tinha Liam, mas... Não, definitivamente nem um pouco Selena. E Joe, bem, ela não iria arranjar um encontro com Selena e Joe, seria totalmente estranho. De repente, um nome veio na mente de Demi: Nick! É claro, como nunca tinha pensado nisso em nenhum desses anos? Nick era perfeito para Selena.
Mas o único problema é que ela nunca fora super amiga de Nick, nem ao menos tinha seu telefone, como arranjaria um encontro entre eles? Pegou o celular e discou o número de Joe.
- Alô. – Ele respondeu do outro lado da linha.
- Hey, Joe. Preciso do celular do Nick, pode me passar?
- Por que você quer o celular do Poyntner, Demetria? – Ele questionou, com uma voz estranha.
- Preciso marcar um encontro – Ela foi interrompida antes que pudesse continuar.
- Um encontro? – Ele praticamente gritou – Com o Poyntner? O quê? Você não quis sair comigo, mas vai sair com ele? Vocês nem ao menos são amigos!
- Ei, calma aí, Joesph – Ela riu – Não é comigo o encontro. É pra Selena. Você se lembra dela? – Perguntou rapidamente – Então, você pode me dar o número?
- E o que eu ganho com isso?
- Hm, nada? –revirou os olhos, acostumada com o jeito do garoto.
- Ah, não! Não faço nada sem ganhar algo em troca – Ele riu – Aliás, não vou ter garantia nenhuma de que esse encontro é realmente para a Selena.
- É só você perguntar pro Nick depois, Jonas, agora pode, por favor, me dar o telefone? Vou conseguir de qualquer forma.
- Vamos fazer um acordo – Ele propôs – Nick não vai aceitar sair com Selena assim, ele nem a conhece. E é traumatizado com encontros às escuras. Então faremos um encontro duplo, Nick e Selena, você e eu. Então todos saímos ganhando.
- Você não desiste nunca? – Ela riu – Bom, então me passe o telefone logo.
- Não, pode deixar que eu falo com ele. Eu ligo mais tarde para avisar o local e a hora – Ele desligou o telefone, antes que Demetria pudesse questionar.
Demi deixou o telefone de lado, rindo. Então ela realmente conseguira arranjar um encontro para ela e Sel. Não era o que esperava, é claro, mas valia à pena.

- Só para confirmar, esse Nick é realmente legal, não é? – Selena perguntou, nervosa, enquanto arrumava o cabelo pela milésima vez.
- Sim, Sel, ele é bem legal, eu não iria te arrumar um encontro com um cara chato, não é?
- É claro que iria, você é má! – Ela riu – E você podia muito bem estar me usando para conseguir se encontrar com Joesph.
- Posso encontrar Joe quando eu quiser, não preciso de você para isso – Menosprezou a amiga – Além disso, eu nem queria um encontro, isso é culpa dele, que me chantageou.
Se olhou pela última vez no espelho, sentindo-se estranha por se arrumar para um encontro com Joe. E por estar nervosa. Quantos anos ela tinha, dezessete? Já se encontrara Joe muitas vezes, não tinha motivos para estar nervosa, era só um jantar. E era para Selena, ela se lembrou.
- Bom, vamos? Eles já devem estar nos esperando – Selena falou, parecendo ainda mais nervosa que Demi.
- Se esse Nick Poyntner for um idiota, vou te matar, Demetria.

No final da noite, Demetria se sentia orgulhosa de seus poderes como cupido. Todas as outras vezes em que tentara arrumar um encontro entre duas pessoas, acabava sendo um desastre, mas Selena e Nick realmente se deram bem. Eles tinham bastante assunto e quando não tinham, Joe falava alguma coisa engraçada e trazia um assunto para a mesa.
- Parece que Nick gostou dela. – Joe falou, observando de longe os dois conversando sozinhos – Também gostei bastante dessa noite... Gostaria ainda mais se tivesse sido só nós dois, mas me contento com o que tenho. Quem sabe em outra noite? Amanhã? – Ele riu.
- Pare com isso, Joe – Ela falou sem graça – Você sabe que nós dois juntos não dá certo.
- Eu não sei de nada! – Ele falou sério – Por que não me avisou antes? Estou desde os meus dezesseis anos, esperando para sairmos juntos e você espera oito anos para me contar que não damos certo? – Ele pareceu chocado e lançou um olhar de reprovação para ela.
- Você sabe do que estou falando. – Ela falou irritada.
- Eu sei, desculpa, Demi. Mas só porque não deu certo uma vez, não significa que nunca dará. Eu sinto muito pelo o que eu fiz, deveria ter conversado com você, mas... Eu tinha dezoito anos, era um idiota. Gostava de você, mas fui para a universidade, e você ainda estava no colégio, em outra cidade. Eu errei, não devia ter te deixado.
- Esquece isso, faz muitos anos. Já superei.
- Então por que não nos dá uma chance? – Ele perguntou, encarando-a nos olhos – Por favor, Demi – Ele se aproximou dela.
Demetria apenas assentiu, e então se aproximou ainda mais de Joe, colando seus lábios com os dele. Ele a segurou pela cintura, a abraçando, e ela envolveu seu pescoço com as mãos. Ficaram ali se beijando até precisarem parar para respirar. Era a mesma sensação, Demetria pensou, só que ainda mais intensa.
- Eu menti para você no outro dia – Joe murmurou, ainda abraçado com ela – Eu não senti muito por você ter terminado com John, nem um pouco.
Demetria riu, sem saber o que falar, e deu mais um beijo nele.

Bom meninas queria a opnião de vcs!! 
O que esta acontecendo?
eu tive oito coment's no outro capitulo.
E mesmo assim postei o proximo. =/
queria mais coment's pra saber o que tão achando. 
Nem que seja um "UP"
Vamos lá!!
=/

Não vo exigir quantidade mas tbm não deixe de comentar!! ;) 
Pois tenho leitoras fieis e não vou deixar de postar por causa delas!!
E semjam bem vindas as novas seguidoras ;)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

IMPORTANTE

Meninas peço que raleiem o capitulo um.
Bom explicações sobre a fic.
Por ser uma REPOSTAGEM não poço alterar as coisas.
A fic original é feita com os meninos do McFly. Por esse motivo os meninos o nick vai ter sobre-nome diferente! ;) 
E  vão aparecer outras pessoas que não são do mesmo grupo que Jemi.


Dica: Prestem atenção nas datas. Se não vocês vão ficar meio perdidas!! =D
Bom acho que é só isso.
E Pelos capítulos serem grandes de mais,  vou postar partes!!
;)
bjs
Capítulo Um
Fevereiro, 2000

Algumas pessoas simplesmente nasciam para serem mães.
Casar, cuidar de uma casa e construir uma família, esse sempre havia sido o sonho de Demetria. Típico, alguns pensavam, fácil demais, diziam que ela deveria sonhar mais alto. Ela, porém, não queria. Estava satisfeita com seu sonho.
E estava orgulhosa de si mesma por estar conseguindo realizá-lo, Demetria pensava com um sorriso no rosto enquanto se arrumava para sair. John, seu namorado há três anos, iria logo pedi-la em casamento, então comprariam uma linda casa, onde seus filhos cresceriam. Sabia que ainda era nova para tudo isso, não tendo nem vinte e quatro anos completados, mas sentia como se estivesse se preparando para esse momento por toda sua vida.
- Está pronta? – John apareceu na porta de seu quarto, cansado de tanto esperar – Vamos, Demi, acabaremos perdendo a reserva.
- Eu já estou indo. – Ela se virou para o namorado, dando-lhe um beijo delicado nos lábios – Podemos ir agora.
Ela passara o jantar todo nervosa, sentia sua mão tremer e cada vez que ficavam em silêncio, começava a suar, esperando o momento. Porém John nunca fazia nada. Isso não estava certo, ele tinha que pedir hoje. Certo, não tinha, mas Demetria estava certa que pediria, qual então seria o motivo de todo esse jantar? Desde seu primeiro ano de namoro, eles só saíam juntos em datas comemorativas, e não havia nada naquele dia, até onde Demi sabia.
- Então, - Demi começou, já irritada com a lentidão de John – Qual o motivo disso tudo? – Como John pareceu não entender, ela completou: - O jantar e tal, qual é a ocasião?
- Bom, eu ia esperar para contar, mas não vejo motivos para isso – Ele fez um suspense, e então sorriu – Eu fui promovido! Lembra que te contei que meu chefe iria se aposentar e alguém teria que ficar em seu lugar? – Demi assentiu – Então, ele me escolheu para ocupar o cargo!
- Nossa... Isso é ótimo, John! - Tentou fingir que estava animada com a notícia.
- Não é? – Ele pareceu não notar seu desapontamento – Meu salário vai aumentar bastante, acho que finalmente vou conseguir comprar aquele carro!
Um carro? A decepção ficou estampada no rosto de Demetria. Pensava que ao menos ele iria sugerir uma viagem ou para comprarem um apartamento juntos, mas um carro era extremamente decepcionante. John estranhou o comportamento da namorada.
- O que foi? Qual é o problema em comprar um carro, Demetria? – Ele pareceu ficar na defensiva – Quer dizer, eu já tenho um apartamento mesmo e tudo mais, tenho que investir em alguma coisa.
- É claro que tem, não estou reclamando. Só acho desnecessário, afinal você já tem um carro.
- Mas não um assim!
Demetria resolveu não discutir. Precisava se contentar com aquilo, não? Afinal, ainda teria muito tempo para se casar.

Mais tarde, naquela mesma noite, Demetria pensava em seu futuro com John, enquanto ele dormia tranquilamente ao seu lado. Estava cansada de esperar. O namorado parecia satifeito onde estava, investia mais em sua carreira do que no relacionamento, e não demonstrava nenhum interesse em constituir uma família com ela. Mas o que Demi faria se ele não quisesse as mesmas coisas que ela? Ela o amava, não amava? Ela lembrava da excitação do primeiro encontro deles, de como ela estava feliz e depois como eles estavam apaixonados um pelo outro, mas agora eles haviam caído na monotonia. Falavam-se todos os dias, mas passavam a maior parte da semana sem se verem e, para falar a verdade, Demi não sentia falta dele, caso ficassem sem se ver por algum tempo.
- Pare de se mexer, Demetria – Ele reclamou, então se sentou na cama, observando a namorada – Você está inquieta desde o jantar, o que aconteceu?
- Eu só estava aqui pensando... Você nunca pensou em ter uma família, John? – Ela perguntou, sem encarar o namorado nos olhos – Casar, ter filhos...
- Por que está pensando nisso, Demi? Isso é bobagem, estamos bem assim, não estamos? – Ele questionou, franzindo a testa – O que você quer dizer? Você quer isso?
Ela suspirou, chegando à óbvia conclusão que John não a entenderia. Como podia? Era algo que estava dentro dela, uma necessidade inexplicável de ter uma família.
- Sim, eu quero isso, John. –respondeu, com um tom levemente irritado.
- Desde quando? Desculpa, querida, eu te amo, mas não posso te ajudar. Eu odeio crianças, sabe disso. E nunca mencionei que pretendia casar, quem sabe daqui uns dez anos, mas definitivamente não agora. Estou no meio da construção da minha carreira, não tenho tempo para me preocupar com futilidades. – Ele resmungou – Agora, esqueça isso e volte a dormir, tenho que acordar cedo amanhã.
- Sabe, John? Acho melhor eu ir para casa agora. – Ela se levantou e começou a vestir suas roupas.
John ficou estático no lugar, sem entender o que ela fazia. Apenas se levantou quando percebeu que a mulher saía do quarto, vestida e carregando sua bolsa.
- O que você está fazendo? Por que está indo embora? Você está muito estranha hoje, Demetria.
- Estou indo porque não vejo motivos para continuar. Olhe John, foi bom enquanto durou, mas, obviamente, nós não estamos caminhando para o mesmo lugar. Nós dois queremos coisas diferentes.
- Você está terminando comigo? – Ele franziu a testa, ainda confuso.
- É o que parece. Desculpe John, espero que possamos continuar amigos. – Ela saiu antes que ele pudesse dizer alguma coisa.
Demetria apenas olhou no relógio quando já estava na rua. Não eram nem quatro horas da manhã. Sentiu-se idiota ao lembrar que estava sem carro, pois fora John quem a buscara e, ainda mais estúpida, ao perceber que só tinha seu cartão de crédito e identidade dentro da carteira, nenhum dinheiro. Talvez John descesse atrás dela daqui alguns minutos.
Ela esperou algum tempo, e ninguém veio. A rua estava completamente vazia, e mesmo se ela tivesse como pegar um táxi, teria que andar, o que não seria muito interessante: seus sapatos a estavam matando.
Andou um pouco até achar alguma escadinha, e se sentou. Começou a chorar antes que pudesse perceber, e pensou em como era ridícula. Uma mulher bem-vestida, sentada na calçada chorando de madrugada. Ela tinha terminado com John! Como isso tinha acontecido? Algumas horas antes, estava animada porque iria encontrá-lo.
Pegou o celular e ligou para Selena, na esperança que ela estivesse em casa, porém ninguém atendeu. Droga, Sel, quando eu preciso você não atende, Demi pensou. Digitou outro número rapidamente, enquanto tentava limpar as lágrimas.
- Kevin? – Ela disse quando atenderam no outro lado da linha.
- Hm, não. – Alguém sonolento respondeu.
- Como não? Esse não é o celular dele? – Demetria ficou confusa, tentando reconhecer a voz masculina.
- É, mas acho que ele esqueceu o celular aqui. Sei lá, eu estava dormindo. – Explicou – Quem é?
- É a Demetria.
- Hey, Demi, é o Joe. Tudo bem aí? Sua voz está estranha... Você sabe que são tipo três e meia da manhã, não sabe? Não é um horário muito legal de se ligar.
- Desculpe, Joe, não sabia que o celular de Kevin estava com você. Sabe onde posso encontrá-lo? É meio que uma emergência.
- Não sei não. Mas o que é? Quem sabe eu posso ajudá-la –se ofereceu, notando o tom choroso de Demi – Você estava chorando?
- Eu estou na rua, sem carro e sem dinheiro. Mas não quero incomodá-lo, posso ligar para outra pessoa.
- Em qual rua você está? Chego aí em dez minutos. A não ser que você esteja em outra cidade, aí vai demorar mais algum tempo! – Ele riu.
Demetria sorriu, cedendo sua localização para o amigo. Não queria abusar da boa vontade de Joesph, mas ela precisava voltar para casa e, na verdade, não tinha muita gente que poderia buscá-la.
Quinze minutos depois, Joe parou, abrindo a porta para Demetria adentrar o veículo.
- Estou atrasado em cinco minutos, eu sei – Ele sorriu, cumprimentando a garota – Então, você vai me contar porque estava sozinha mendigando em plena madrugada?
Ela suspirou, pensando se deveria contar para Joesph que havia terminado com John. Bom, ele eventualmente descobriria, não é?
- Terminei com John e saí da casa dele, só percebi que não tinha como voltar quando já estava lá embaixo. Selena não atendia o telefone e nem Kevin, aparentemente – Explicou – Desculpa mesmo por te fazer sair de casa, Joe, eu não queria incomodá-lo.
- Não tem problema, eu nem ao menos estava sonhando. E sinto muito por você e John. Da última vez que o vi, ele parecia bem apaixonado por você.
- É, fui eu quem terminou com ele. Não ia dar certo.
Joesph parou na porta do prédio de Demi, a encarando com um sorriso no rosto. Demetria se questionava se ele era sádico, se divertindo com o fato de ela ter terminado um relacionamento de anos.
- Então isso significa que você está solteira novamente? – Ele perguntou e Demi ergueu uma das sobrancelhas – Quem sabe você não aceitaria sair comigo agora?
- Eu acabei de terminar um namoro, Joe, não acho que essa seja a melhor hora para me chamar para sair – Ela não pôde evitar rir um pouco.
- Verdade, isso foi muita insensibilidade minha – Ele se desculpou – Quem sabe daqui umas duas semanas?
- Veremos.
- Estarei esperando sua resposta – Ele respondeu sério, encarando-a e Demetria começou a gargalhar.
- Você é ridículo, Jonas! – Ela riu, então o abraçou, beijando sua bochecha – Mas obrigada, parece que estou te devendo uma agora. – Ela saltou do carro, virando apenas para acenar para ele, e entrou no prédio.
Conhecia Joe há quase nove anos e quase sempre havia sido assim entre eles. Faziam piadas um com o outro, mas nunca passava disso. Talvez agora que tinha terminado com John, alguma coisa finalmente acontecesse de novo entre eles, Demetria pensou. Esqueça isso, Demi, falou para si mesma, já faz muito tempo que você superou isso.
Era verdade que tinha um assunto meio inacabado com Joe, mas já tinham se passado muitos anos desde que eles haviam cogitado se envolver romanticamente. Agora eram amigos, talvez não tão amigos quanto antes, mas ainda assim não valia à pena pôr a amizade em risco.
Ao entrar em casa, Demetria encontrou Selena Falcon, sua melhor amiga e companheira de apartamento, jogada no sofá dormindo, com a TV ligada no volume máximo e vários papéis de chocolate jogados em cima da mesinha. Sel estava nessa fase já fazia mais de duas semanas, quando o namorado terminou com ela. Com certeza John não ficaria assim.
- Hey, cheguei – Ela cutucou a amiga – Não acha melhor ir para o quarto? Vai ficar com dor nas costas se continuar dormindo no sofá todos os dias.
- Estou ótima – Ela murmurou, e então se sentou, encarando a amiga com olhos esbugalhados e depois olhando para o relógio – O que aconteceu? Por que chegou a essa hora?
- Terminei com John – Falou, dando de ombros, e então se retirou para o próprio quarto.
Contou quinze segundos, enquanto se sentava na cama e tirava o sapato, até Selena aparecer boquiaberta em sua porta. Demetria riu com a reação totalmente previsível da amiga.
- Como assim? Ele terminou com você? E por que você está rindo aí, sem se importar?
- Eu terminei com ele, Selena, e já chorei, não adiantou nada – Explicou, terminando de tirar os sapatos.
- Mas... Você estava toda animada hoje de manhã. Eu achei que vocês fossem casar!
- Bom, esse é o problema: eu também achava. John não quer construir um futuro comigo, ele não quer casar nem ter filhos, e você sabe muito bem que eu quero isso. Não vejo motivos para continuar com alguém que não tem os mesmos objetivos que eu.
- Meu deus, Demi, não acredito que você terminou com ele só por causa disso. As pessoas mudam, amadurecem, logo ele vai ficar mais velho e vai querer ter filhos! E o casamento é só um detalhe, não é? Não faz mal não casar, é só morar junto e acabou – Ela falava rapidamente – Mas, calma, ele provavelmente irá te procurar, óbvio! Aí você vai pedir desculpas por ter agido como uma maluca e tudo vai ficar bem. Acredite, Demi, você não quer terminar, veja o que aconteceu comigo!
- Eu não sou você, Selena, não quero que John me procure. Já era hora de terminar, não estava mais dando certo.
Demetria deu boa noite para a amiga, expulsando-a de seu quarto e indo se deitar. Ela tinha que investir no que dava certo, não é? Talvez pudesse sair com Selena, conhecer pessoas novas, isso ajudaria as duas. Principalmente ela, que além de arranjar alguém pra si mesma, não teria mais que aguentar a crise de depressão da amiga. Quem sabe não devesse sair com Joe? O pensamento passou por sua cabeça antes que pudesse bloqueá-lo. Ele era passado.


vinte coment's para o próximo